Sem ar
Hugo Britto
Sinto-me sem ar
Vendo os carros a transitar,
As pessoas que estão a voltar
Da firma, ainda a funcionar.
Sinto-me sem ar
Vendo um ônibus a lotar
E as pessoas que estão a respirar
Naquele fechado lugar.
Sinto-me sem ar
Vendo uma criança voltar,
Da escola que insiste em continuar
Iludindo os pais com o “cuidar”.
Sinto-me sem ar
Vendo o presidente a galhofar,
Com seu mal gosto a brincar
Do alheio desgraçar.
Sinto-me sem ar
Lendo o boletim a divulgar,
Em números transformar
Os mortos, sem pesar.
Sinto-me sem ar
Quando fico a pensar
Nas famílias a se desmanchar
Sem os parentes, que não podem velar.
Sinto-me sem ar
Vendo o fascismo prosperar,
Com o holocausto a exterminar,
Nos matando de fome ou sem ar.
Quando poderei respirar?
Sobre o Autor:
Hugo Britto, nascido em Recife no dia 15/03/1985, tem formação em Engenharia, mas é apaixonado por Literatura. Começou a escrever por razões da militância socialista, e a atividade se tornou um Hobbie. Hoje escrevo mais poesias, folhetins, Contos e ensaios (Filosofia, Sociologia).
Revisão: Jázino Soares
Parabéns pelo texto, Hugo! Atual e verdadeiro 👏👏
Muito bom
Sem ar todos nós, que somos lúcidos, nos encontramos neste momento. Parabéns pelo trabalho! E só para não perder o costume: FORA BOLSONAROOO!!
Lúcida, mostra nossa real situação. Parabéns
Muito bom trabalho, e de tirar o fôlego. Parabéns meu caro.