Escarlate o céu, põe-se o sol para dormir,
Leva consigo pardos pombos e pardais,
Fico rubro ao reler o meu poema: me expus em demasia!
Um suor frio, incolor, me toma as mãos, mas não paro de sonhar.
Vejo-me a dar-te as nuvens cor-de-rosa da alvorada,
Como desse flores, belas, delicadas rosas, suspensas no crepúsculo,
E rubras ver também tuas faces, na tua alegria transparente,
Ver teu sorriso, teu olhar cair em mim condescendente.
Mas meus versos tão indiscretos não terminariam por assustá-la?
Não. Vêm a amainar, tuas palavras, a neblina da incerteza,
E sou agora de uma esperança verde como um mar translúcido,
Se, não vendo o futuro, vejo aproximar-se a sua luz.
Então explode dentro de mim uma bomba de mil cores,
Invade-me euforia tal de mil sabores,
Aquela mesma, penso eu, que ao ver em ti deu no poema
Cujo sucesso faço hoje ser meu tema.
Quero compartilhar contigo minha alegria,
Contagiar-te, colorir mais o teu dia;
E quero mais, quero com meu mais doce beijo
Retribuir o seu que tanto ainda desejo!
Pablo Gomes, julho de 2007
"Fico rubro ao reler meu poema: me expus em demasia!" Expor fragilidades, até p/ si mesmo não é fraqueza, ao contrário! Como encarar o objeto de desejo, se não se encarar? Parabéns meu caro!!